quarta-feira, setembro 15

Do que existe no coração, fala a boca...

Já observaste as conversas das pessoas? Cada um fala do que lhe preocupa, do que deseja, do que ama. E as conversas mais frequentes são sobre dinheiro, negócios, diversões, passatempos. É seu mundo, suas preocupações. Seu coração está assentado, aposentado nas coisas. Parece que isso é o único que existe. Seu coração construiu seu lar de cifras, ganhos e ambições vaidosas. Existem pessoas que só albergam temores em seu coração, e as conversas são previsões catastróficas e desgraças para todo o lado. Porque não encher o coração de valores mais luminosos, simples e humanos? De valores que o tempo não corrói e nem são comidos pelas traças?
Queres saber o que amas? Olha de que falas e em que pensas. Uma grande desgraça é ter um coração aprisionado pelo dinheiro e as coisas. O coração apegado a coisas mortas. Em que pensas, de que falas mais? Tua boca falará do que amares, do que viveres. E tuas palavras e pensamentos serão a expressão do que existe em teu coração.
Pensa que existem belos entardeceres, a simplicidade das borboletas, os ninhos nas árvores, as cores das flores e do arco-íris, a musicalidade do vento e o perfume dos campos na primavera.
Com o coração aromado e florescido,

Zulema Bastos

quinta-feira, julho 22

MESTRE SOLA

Mestre Sola era um homem baixinho, magro e irrequieto. Tinha rosto pálido, cabelos grisalhos e duros e seus olhos pequenos e vivos são paravam um momento. Tudo percebia, tudo criticava, sabia tudo melhor que ninguém e sempre estava com a razão. Andando pela rua, movia os braços como se fossem remos. Uma vez, acertou em cheio no balde de água que uma jovem vinha carregando. E assim o balde, saltando pelos ares, derramou seu conteúdo em cima dele.

- Idiota – gritou para a moça, enquanto sacudia a água das roupas. Não viste que eu vinha atrás de ti?

Seu ofício era o de sapateiro e quando trabalhava, puxava o fio com tal violência que metia a agulha nas costelas daquele que não se mantivesse a regular distância. Nenhum aprendiz ficava mais de um mês em sua casa, pois ele sempre tinha alguma coisa a criticar, por mais perfeito que estivesse o trabalho! Ora os pontos não eram parelhos, ora um sapato era maior ou um salto menor do que o outro; ou, então, o couro não fora suficientemente batido.

- Espera – costumava dizer ao aprendiz - que já te ensino como se sola um sapato! E, apanhando uma tira de couro, aplicava-lhe umas boas lambadas.

A todos chamavam de preguiçosos. Mas ele mesmo bem pouco trabalhava, pois não era capaz de ficar quieto nem um quarto de hora. Se sua mulher levantava de madrugada e acendia o fogo, saltava ele da cama e sorria, descalço, à cozinha.

- Queres atear fogo na casa? – gritava. Parece que vais assar um boi inteiro. Ou estás pensando que a lenha não me custa dinheiro?

Se as criadas se punham a rir e a conversar, lá ia ele e berrava:

- Aí estão essas gralhas grasnando, em vez de trabalhar! E que faz esse sabão na água? Um desperdício escandaloso e, além do mais, é uma vagabundagem que não tem tamanho! Não esfregam direito a roupa para não estragar as mãos!

Em sua indignação, aia correndo e tropeçava num balde cheio d´água suja e inundava a cozinha inteira. Se construíam uma casa nova, corria à janela para observar:

- Lá estão eles empregando lajes para fazer as paredes! Um material que nunca acaba de secar! Nessa casa ninguém terá saúde. E vejam só como colocam mal as pedras do alicerce. A argamassa também não vale nada. Deviam pôr cimento e não areia. Ainda hei de ver essa casa cair na cabeça dos moradores.

Sentava-se e dava uns pontos, mas em seguida levantava-se de um salto e enquanto tirava o avental de couro, gritava:

- Preciso falar a sério com essa gente!

Numa ocasião dessas, foi aos operários e se pôs a berrar:

- Que é isso? Para que serve o prumo? Um dia tudo isso virá abaixo!

Depois, arrancando o formão da mão de um operário, começou a ensinar-lhe o seu manejo. Nisso ao ver um carro que se aproximava, carregado de terra, soltou o formão e correu ao camponês que caminhava ao lado.

- Estás louco? – disse-lhe. – Quem atrela cavalos tão novos à um carro assim carregado? Os pobres animais cairão mortos quando menos esperares.

O camponês não lhe deu resposta e Mestre Sola voltou furioso para sua oficina. Quando se dispunha a trabalhar, de novo, o aprendiz entregou-lhe um sapato.

- Que é isso? – gritou. – Não te disse que não cortasses os sapatos tão grandes? Quem irá comprar um sapato que só tem uma sola? Exijo que minhas ordens sejam cumpridas ao pé da letra!

- Mestre, - respondeu o aprendiz, - Sem dúvida o senhor tem razão ao dizer que o sapato não está bem feito, mas quem o cortou e começou a costurar foi o senhor mesmo. Quando há pouco, o senhor se levantou tão depressa, ele caiu da mesa e eu nada fiz senão ergue-lo. O que aconteceu é que, para o senhor, nem um anjo do céu trabalharia direito.

Ora, na noite seguinte, Mestre Sola sonhou que havia morrido e se encontrava a caminho do céu. Ao chegar bateu fortemente à porta.

- É de admirar- disse – que não tenham uma sineta. A gente esfola os dedos batendo nessa porta.

São Pedro veio abrir. Curioso por saber quem pedia a entrada com tanta insistência.

- Ah, és tu, Mestre Sola?! – falou. – Eu te deixarei entrar, mas aconselho-te a abandonares o costume de criticar tudo e a não censurares o que vais ver no céu, do contrário, não te sairás bem.

- Podia ter poupado o conselho, meu santo, replicou Mestre Sola. – Sei conduzir-me corretamente e aqui, graças a Deus, tudo é perfeito e nada há que mereça crítica, como lá embaixo.

Entrou, pois, e começou a passear pelos vastos espaços celestes. Olhava para a direita e para a esquerda, sacudindo de vez em quando a cabeça. Ou resmungando entre dentes. Nisso, viu dois anjos que carregavam uma trave; era a que um indivíduo havia tido no seu olho enquanto procurava o argueiro no olho do vizinho. Reparou, no entanto, que os anjos não carregavam a tava ao comprido, mas obliquamente.

- “Já se viu maior desatino?” – pensou Mestre Sola.

Contudo, calou o bico e tranqüilizou-se completando o pensamento: “no fundo é indiferente que levem a trave como queiram, desde que possam passar. E, de fato, vejo que não batem contra nada.”

Logo depois, viu outros dois anjos que deitavam água de uma fonte num tonel. Ao mesmo tempo se deu conta de que o tonel estava furado e a água saia por todos os lados. Faziam cair chuva sobre a terra.

- Com mil demônios! – explodiu Mestre Sola, mas dominando-se pensou: - talvez seja um passatempo. Se alguém acha nisso, que se divirta com essas coisas inúteis, principalmente aqui no céu, onde, pelo que pude notar, todos andam vadiando.

Foi adiante e viu um carro atolado num buraco muito fundo.

- Não é de admirar. – disse para o homem que estava ao lado. – Que idéia pôr tanta carga nele! Que leva aí?

- Boas intenções, - respondeu o outro, - com elas não pude encontrar o caminho certo. Mas consegui arrastar o carro até aqui e sei que não me deixarão na entalada. Realmente, pouco depois chegou um anjo e atrelou dois cavalos.

- Muito bem! – disse Mestre Sola. – Mas dois cavalos não tiram o carro daí; deverão ser no mínimo quatro.

E veio outro anjo com mais dois cavalos. Não os atrelou, porém, adiante e sim, atrás do carro. Aquilo foi demais para Mestre Sola.

- Pateta! – berrou, sem poder conter-se. – Que fazes? Já se viu, desde que o mundo é mundo, desatolar um carro desta maneira? Esses sabichões, em sua vaidade, pretendem saber tudo melhor que os outros.

E teria continuado a falar se um dos habitantes do céu, que ali chegara, não o tivesse apanhado pela gola, expulsando-o com força irresistível da mansão celestial. Do lado de fora, o nosso Mestre olhou, mais uma vez, para trás.

Viu, então, que quatro cavalos com asas estavam erguendo o carro.

Nesse momento, Mestre Sola acordou em sua cama.

- É verdade que no céu tudo é um pouco diferente da terra, - disse para si mesmo – e por isso é preciso desculpar alguma coisa. Mas quem consegue assistir, com calma, que se atrelem cavalos adiante e ao mesmo tempo atrás de um carro? Tinham asas é certo. Mas quem poderia imaginar uma coisa dessas? Além disso, é uma burrice muito grande prender um par de asas a animais que já têm quatro pernas para andar. Devo agora levantar-me, pois do contrário, farão tudo nesta casa. É uma verdadeira sorte que eu não tenha morrido de verdade!





Entregar o controle de nossas vidas para as nossas mentes é ter como Mestre o Sr. Sola. É como ter no comando de nossa casa o mordomo e não nós mesmos.



A mente é um bem precioso e disponível, e ELA É SUA, mas temos permitido que o mal se estabeleça nela.


É hora de expulsar os demônios dos falsos valores, do egoísmos da mente, e pedir para que o Espírito Santo entre nela e nos liberte das garras do medo e da ilusão.

Isto exige tão somente um momento pedindo sincera e genuinamente, de coração, para despertar a Semente Divina que está dentro da casca escura e fazê-la romper a casca e começar a crescer em direção da luz do sol.

O Eu Real está esperando para irromper...

Adormecidos somos a casca escura, e enterrada lá no fundo do Coração está a Semente que contém o Real Conhecimento da sua Divina Essência. Ela está esperando para se romper e se tornar uma Divina Flor no Jardim do Amor de Deus.



Ao orar, meditar e focar no Amor e no Céu na Terra, e na Ascensão de Pachamama atraímos e vivemos o Amor e o Céu na Terra e ascencionamos com nossa Mamita.

quarta-feira, julho 21

As historinhas da Mística Andina

1. O Cigarrão Atahualpa

As historinhas encerram beleza e mistério, e este velho peregrino adora extasiado estes anjos. Cresci ao lado de artistas, de sábios contadores de contos, o velho avô, Don Juan Pablo, o Táta, a Zulema, e amigos, a vida parece que me fez nascer em um espaço de seu jardim onde se escondiam da cinza rotina da mente, os contadores de historinhas. Assim, durante minha caminhada guardei no relicário de meu coração, historinhas contadas por velhos andinos, por sadhus, monges, rishis, e toda sorte de iluminados. Iluminados pela beleza de sua vida. E durante um tempo o velho Mestre quiçá cansado de minha racionalidade e criancice, só me contava historinhas e me pedia que lhe tirasse o suco e lhe trouxera o resultado, e assim fui crescendo e sendo deseducado, e educado na percepção viva da totalidade da vida, que é uma historinha onde o Senhor se recria e nós somos pequeníssimos atores-filhos, que fazemos parte desta vida que transcorre neste bendito tempo...
Esta historinha escutei pela primeira vez da Senhorita De Armas, que foi meu primeiro amor, lá na Patagônia, puro vento e montanhas nevadas, ali, onde cantam os devas dos grandes lagos e bosques o mantra sagrado Aoniken, e onde morre minha raça velha...
Quando a senhorita contou esta historinha, eu militava no primeiro amor, então acreditei firme na compreensão sobre o sentido da historinha, mas logo com a maturidade espiritual, ela me foi contada pelo sábio velho, essa mesma historinha com outra compreensão, mais inclusiva, não excludente, aquele que é inclusivo se enriquece, o que é excludente se empobrece. Assim, hoje quero contar-lhes esta historinha e espero que vocês também se transformem em contadores de historinhas e vivam historinhas dignas de contar-se. Para que se tenham historinhas para contar precisa-se viver assim, que tal se começássemos a viver sem medos aos resultados, que tal se só para provar vivamos um pouco esta maravilhosa vida que Deus nos presenteou e não a tornemos feia com rotinas e deveres mentais? Trabalhar é uma arte se a fazemos por paixão, mas é um castigo se o fazemos para ganhar dinheiro. Esta historinha vai como homenagem deste pequeno irmão a todos os contadores de historinhas que me embelezaram por dentro com sua arte...
Era uma vez em um bosque desses que estão vivos, onde a vida dança ainda, uma cigarra que acordava de seu sonho de inverno. Ao enxergar a vida a encontrou bela, perfeita, luminosa, verde, sensual, e fez para si um violino, e saiu pelo bosque cantando a plena voz e tocando. E assim, acordou todo o bosque e cantou como o Cigarrão Atahualpa que era. E assim foi convidado a uma festa, e ali foi, cantou toda a noite e toda a bicharada dançou, e farreou bebendo e rindo, e celebrando a primavera. Ao voltar a seu cantinho para dormir o Cigarrão Atahualpa olhou as últimas estrelas que se iam e sentiu o bosque e sua alegria, e sentiu em seu coração... "a vida é uma festa" e dormiu, até que ao entardecer acordou com um convite a outra festa.
E assim passou a primavera e chegou o verão, e o Cigarrão já havia engordado uns quantos quilinhos de tanta festança e estava atuando em duas ou três festas por dia, e era o mais popular dos bichinhos em toda a vizinhança do bosque, seu violino não ficava frio nunca...
O verão chegou com sua abundância, com sua luminosidade, e toda a bicharada estava feliz, alegre, e o Cigarrão gordinho e contente sentia a beleza e a abundância da vida, lia o jornal, assistia TV, dormia muito e festejava...
Um dia voltando de uma farra, e dirigindo-se a outra farra que acontecia do outro lado do bosque, viu uma fileira de pretinhas, todas alinhadas, levando sobre suas costas folhas, pauzinhos, restos de bichos mortos, iam concentradas e atentas, sem perder o passo, que era gritado por um grande Formigão. Sim, ele marcava o passo e todas cantavam ao ritmo do “ilari la rie ro ro ro” (seguindo a conhecida canção da Xuxa).
Ao ver isso, o Cigarrão parou com seus braços na cintura e gritou:
-"HEI"!!!
Todo o bosque parou ante o grito poderoso deste cantor. E as formiguinhas também. Uma abelha parou em uma flor e observou, uma borboleta azul ficou muda de assombro e curiosidade, se assomou uma raposa detrás de uma árvore e um par de ratos deixaram tudo e foram ver o que sucedia.
Então o Cigarrão Atahualpa disse:
- Mas o que fazem, tchê??(era um Cigarrão educado no sul do Brasil). Vocês não sabem que a vida é uma festa, e que fomos criados por Pachamama para nos divertir e gozar?
E as formiguinhas duvidaram por um instante, seu coraçãozinho, que como todo coração não tem espécie, sentiu que uma antiga verdade batia nelas, algumas soltaram as folhas.
Mas o Formigão rapidamente gritou:
- Mas, você está louco? Quem não trabalha no verão morre de frio e fome no inverno! Vamos, turma!!!Vamos!!!
E voltou a cantar e as formiguinhas seguiram seu caminho, sem parar...
O Cigarrão ficou desolado, pois seu coração era compassivo, e ele queria que as irmãs desfrutassem como ele, mas a mente lhe lembrou a festa e esqueceu imediatamente o sucedido e se dirigiu a festa do senhor porco-espinho. E que festa, estava toda a bicharada ali, dançaram e riram e tomaram hidromel até o amanhecer...
E assim seguiu o verão, até chegar o outono, onde os dias começaram a diminuir, e as festas começaram a escassear, mas ainda havia algumas.
O Cigarrão Atahualpa que era muito informado e lia a coluna de economia do jornal todos os dias, disse a si mesmo:
- Isso é só um movimento de refluxo estacionário do mercado da farra e já vai voltar o ritmo e a alegria.
Mas Pachamama, que não respeita a ciência, fez as festas decrescerem e ao chegar o inverno não teve mais nenhuma. O bosque ficou quieto, ensimesmado, em silêncio...
E o Cigarrão acordou um dia e não tinha nada para comer e, além disto, sentiu frio. Deste jeito passou o dia, e ao segundo dia acabaram-se as suas reservas de gordurinha e a paciência e ele compreendeu que não era o mercado, senão a Vida a que havia acabado com as festas e se sentiu só, e com um frio e uma fome terríveis, e pensou: "E agora que vou fazer? Se fico assim vou morrer e quem poderá ajudar-me?" E o Chapolim Colorado não andava por ali, e então, seu coração lhe enviou a imagem das formigas e para lá se dirigiu...
Neste momento no formigueiro uma grande mesa estava posta para o jantar, adornada com flores, velas, e uma toalha preciosa, verde, vermelha de chacanas... e todas as pretinhas estavam sentadas a mesa. Na ponta da mesa estava sentado, gorda e sábia, a Formiga Mãe, e na outra ponta o Formigão, que havia fechado a porta do formigueiro com o alarme eletrônico, pois ali haviam roubos.
Depois de dar graças à Pachamama pela comida, somente se ouvia as mandíbulas batendo e comendo. Nisso tocou o interfone e o Formigão levantou-se e foi ver no vídeo-fone quem era e viu ao Cigarrão Atahualpa pedindo auxílio. Então lhe disse:
- Eu falei para você, quem não trabalha no verão morre de fome e frio no inverno. Câmbio. E fora! Desligou e sentou-se.
E o Cigarrão sentiu que terminava a sua vida e como era da Mística Andina deitou-se na grama para morrer e experimentar plenamente isso da morte, resignado e abatido.
E a Rainha Mãe das Formiguinhas sentiu o formigueiro e percebeu a chatice e o tédio que os esperava em todo esse inverno, e sentiu que sua vida era monótona e séria demais... E com um olhar e um movimento de cabeça indicou ao Formigão que fosse buscar o Cigarrão Atahualpa.
Atahualpa já estava em seus momentos finais, o coração começou a falhar e já estava vendo passar por sua consciência toda sua vida, e percebendo o desequilibrado que havia vivido... E nisto chegou a Unimed do Formigueiro, e fizeram respiração boca a boca e lhe deram um choque elétrico e o fizeram voltar à vida, e lhe deram cachaça e um pouco de formiga-reiki e assim o ingressaram ao formigueiro que estava quentinho e feliz.
A Rainha falou com ele, chegando a um acordo que elas o iriam alimentar e cuidar dele no inverno e que ele iria ensinar a dançar e cantar. O Cigarrão aceitou feliz, e nesse inverno esse formigueiro foi o mais feliz e luminoso do bosque...
E a aliança entre as cigarras e as formigas permanece até agora...
Assim, nós na vida agimos como formigas ou como cigarras, e temos em nossa natureza essa dualidade... a sabedoria do coração indica que se somos muito formigas temos que "acigarrar-nos" e se somos muito cigarras temos que "aformigar-nos"....
É deste equilíbrio que está feita a plenitude, é neste equilíbrio que podemos perceber a beleza e totalidade desta vida...
Lucidor Flores

Índice dos Valores Humanos, o que é isso?

A criação da Escola de Valores da Mística Andina foi sugestão do Mestre Lucidor Flores em dezembro de 2009. Nosso movimento procura manter-se dentro do fluxo luminoso dos Mestres da Hierarquia, que atuam incessantemente em todas as áreas (economia, educação, política, etc) por meio dos discípulos mundiais e pela influência destes por meio também de todos os discípulos e homens e mulheres de boa vontade.







E como podemos perceber este fluxo? E sua conformidade com o propósito de Deus na Terra, o propósito que os Mestres conhecem e servem? Estando atentos e abertos as tendências mundiais e sabendo lê-las com o coração.







Logo depois do convite do Mestre a que começássemos a organizar a Escola de Valores, fomos surpreendidos de forma boa pelo noticiário da televisão falando sobre o IVH ou Índice de Valores Humanos... Hum, a televisão falando sobre valores humanos? E pontuando-os como forma de reorganizar as políticas públicas nas mais diversas áreas? Parece ter dedo de Mestre aí...







O CONTEXTO - O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) deu início, em 2010 aos trabalhos para calcular pela primeira vez o IVH no Brasil. IVH é um indicador que já foi levantado em países como México, França e Portugal. Com a ajuda do IVH, governos, entidades privadas e públicas poderão ter em mãos uma eficaz ferramenta para auxiliar na definição de políticas em áreas como educação, saúde, segurança, habitação, assistência social, cultura e muitas outras.







O IVH é feito por meio da metodologia de pesquisa qualitativa com a população e pretende refletir suas expectativas, sonhos e ambições, além de apresentar as carências e as necessidades de uma comunidade, expõe as prioridades de cada determinado grupo e poderá funcionar como uma eficaz bússola na orientação dos rumos a serem tomados por governantes e pessoas que decidem sobre políticas públicas que visem o bem estar comum e uma maior e melhor qualidade de vida. A idéia é ter o perfil dos valores dos brasileiros







Falar de valores humanos significa, sobretudo, destacar a capacidade das pessoas como protagonistas na construção de uma realidade. É a partir da consciência das pessoas que as coisas ganham importância, acontecem e se transformam. A partir dessa consciência podem-se estabelecer princípios que permitem escolher o bem, o que é construtivo para a realização do ser humano e qual o caminho para a busca de mais solidariedade e felicidade. E esses valores apesar de terem caráter universal, variam em grau de intensidade de acordo com cada região, cada tendência histórica. Sentimentos e atributos como amor, honestidade, paz, sabedoria, justiça, respeito, tolerância e fé adquirem diferentes pesos e relevância na vida de cada grupo de pessoas.







A qualidade de vida das pessoas não pode ser medida apenas por uma somatória de indicadores econômicos e sociais. É preciso levar em conta também essas particularidades de cada sociedade, suas demandas e suas prioridades. Por essas e por outras, é possível dizer que o IVH será uma evolução do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). O IDH contempla apenas três dimensões: educação, renda e longevidade. Embora sejam aspectos importantes da qualidade de vida, são informações insuficientes para comparar a qualidade de vida entre diferentes comunidades. O IDH certamente é um importante instrumento de avaliação, mas a verdade é que a qualidade de vida é um conceito subjetivo e, por esse motivo, difícil de ser mensurado.







E essa busca de uma base conceitual para a obtenção de medidas de bem-estar segue sendo uma questão polêmica para os economistas e sociólogos, pois, além de envolver aspectos normativos, tais medidas carregam imperfeições no campo teórico e diversas dificuldades no campo prático. Além disso, muita gente considera que toda e qualquer medição é redutora da realidade. No entanto, a simplificação de informações por meio de índices é uma importante ferramenta para a sociedade definir políticas públicas.







Apesar de todos esses desafios práticos e das controvérsias teóricas, uma medida de bem-estar como o IVH pode ser um recurso interessante e valioso no diagnóstico de vulnerabilidades socioeconômicas, podendo, além de contribuir para o estabelecimento de políticas públicas melhorarem a qualidade das informações requeridas na definição de estratégias empresariais.



Assim como Butão, na Ásia, mede a Felicidade Interna Bruta, o Brasil terá o IVH, o Índice de Valores Humanos. São diferentes indicadores, mas ambos não se restringem a computar apenas a produção e a qualidade de vida com base em estatísticas sociais e econômicas. Nos dois casos, são levados em consideração também os efeitos desse balaio de dados estatísticos na vida da população, como ela afeta e impacta a formação e as expectativas das pessoas. Não basta saber que mais crianças estão nas escolas. É interessante saber como está a qualidade do ensino e das relações humanas estabelecidas ali. Não basta saber que a expectativa de vida cresceu se a mortalidade infantil não baixou. Não basta saber que o número de empregos aumentou no semestre se os salários não cobrem as necessidades não apenas de sobrevivência, mas de qualidade de vida, com lazer, saúde, tempo de criar e tempo de amar.



Nossa Escola de Valores, não pretende apenas falar sobre, mas sim criar oportunidades de vivenciar valores com a clara luz da consciência a cada instante de nossas vidas... e elas são feitas de milhões e milhões de instantes... que eles possam ser permeados por escolhas feitas por nossos bondosos corações, em Unidade com Pachamama, a Deusa da Vida. Certamente o resultado de nossas escolhas e boas ações não aparecerão nos noticiários, mas os Mestres sentirão o lusco-fusco da luzinha da devoção, do carinho grupal, do cuidado com todas as formas de vida... e provavelmente, piscarão de volta!



Para saber mais: www.mostreseuvalor. org.br Ali se pode conhecer um pouco mais sobre a criação do IVH e até participar da pesquisa, dando a sua opinião.